Queda de Constantinopla em 1453. "Por Me. Cláudio Fernandes", consultado em brasilescola.uol.com.br
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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"O acontecimento conhecido como “Queda de Constantinopla”, ocorrido em 29 de maio de 1453, é tão importante para a história mundial que foi eleito por historiadores do século XIX como aquele que encerrava o período histórico da Idade Média e, por conseguinte, dava início à Idade Moderna. Constantinopla foi conquistada e subjugada pelo sultão otomano Mehmed II, que ficou conhecido pela alcunha de “O Conquistador”. Para compreendermos esse episódio, é necessários nos determos em alguns detalhes do contexto que o envolveu.Sabemos que Constantinopla, antes do século IV d.C., chamava-se Bizâncio e já era uma importantíssima cidade grega, fundada na Anatólia, no século VII a.C. Essa cidade tornou-se bastante influente na época do Império Alexandrino, destacando-se como um dos grandes polos da cultura helenística. Quando, no século I a.C., sobreveio o domínio do Império Romano sobre os antigos territórios helenísticos, Bizâncio tornou-se a referência central do lado oriental do Império – apesar de haver sofrido um ataque de Roma em 196 a.C. Com as crises sucessivas em Roma, no século IV d.C, dadas as invasões bárbaras, um dos chefes políticos mais proeminentes da época, Constantino, mudou a sede do Império Romano para Bizâncio e, em 330, trocou o nome da cidade por Constantinopla.Constantino logo se converteu ao cristianismo, religião que a essa altura já tinha raízes profundas na região da Anatólia e em todo o Império Romano do Ocidente. Aos poucos o Império Bizantino caracterizou-se pela fusão entre a cultura grega (helenística) e a judaico-cristã e também se tornou um dos mais prósperos impérios da Idade Média. Constantinopla foi a mais cobiçada cidade a ser hostilizada por hordas de bárbaros, como os hunos, que tentaram transpor suas muralhas por diversas vezes. Os reinos cristãos ocidentais também tiveram seus estranhamentos com os bizantinos ortodoxos. O ponto alto das divergências entre Ocidente e Oriente europeu nessa época foi a Quarta Cruzada, de 1202, que resultou na invasão e saque de Constantinopla e na criação do chamado Império Latino, que só foi desmantelado pelos bizantinos em 1261.Com esses ataques frequentes, Constantinopla passou a ficar cada vez mais isolada, com domínios territoriais mais escassos e com as suas defesas fragilizadas. Essa vulnerabilidade foi bem aproveitada pelo mais poderoso império que havia despontado no mundo islâmico, o Império Otomano. Os otomanos eram, inicialmente, cavaleiros nômades da Ásia central que se converteram ao islamismo no século IX. Eles entraram na Europa, pelo Estreito de Dardanelos, em 1345, a convite de um imperador bizantino, João V Paleólogo, que precisava de guerreiros para combater um usurpador. Todavia, os otomanos, com o tempo, não se contentaram em apenas receber o soldo dado pelo imperador, mas começaram a conquistar cidades importantes sob a influência bizantina, como Galípoli.""João V Paleólogo chegou a oferecer aos reis ocidentais o fim do Cisma entre a Igreja Católica e a Ortodoxa se o ajudassem contra os otomanos. O problema foi parcialmente resolvido depois de uma negociação com o sultão Murad I, em 1371, na qual foi oferecida uma relação de suserania. Nas décadas que se seguiram, as relações entre bizantinos e otomanos passaram a ficar cada vez mais tensas, haja vista o espaço que esses últimos já haviam conquistado ao longo da Península Balcânica. Quando Mehmet II marchou com suas tropas para Constantinopla, em 1453, não estava disposto a negociar acordos como fizeram os sultões que o antecederam. Seu objetivo era claro: tomar a cidade e fazer dela o centro de um império ainda mais vasto para os otomanos, como descreve o historiador Alan Palmer:Logo depois do amanhecer de terça-feira, 29 de maio de 1453, as tropas do Sultão conseguiram penetrar por um pequeno portão nas inexpugnáveis muralhas em Kerkoporta. Ao cair do sol, o que restava da cidade saqueada estava em suas mãos. Constantino XI Dragases, octogésimo sexto imperador dos gregos, morreu combatendo nas ruas estreitas sob as muralhas de oeste. Depois de mais de mil e cem anos, não restava um só imperador cristão no Oriente. [1]A ocupação da cidade foi rápida e uma das primeiras ações do sultão foi descaracterizar a basílica de Hagia Sofia (Igreja Cristã Ortodoxa bizantina) e transformá-la em Mesquita, como atesta também Alan Palmer:Quando o sultão Mehmed II entrou em Constantinopla em seu portilho naquela tarde de terça-feira, foi primeiro a Santa Sofia, a igreja da Santa Sabedoria, e pôs a basílica sob sua proteção antes de ordenar que fosse transformada em mesquita. Cerca de sessenta e cinco horas mais tarde, retornou à basílica para as preces rituais do meio-dia da sexta-feira. A transformação era simbólica para os planos do Conquistador. O mesmo aconteceu quando insistiu em investir com toda a solenidade um erudito monge ortodoxo no trono patriarcal, então vago. Mehmed visava a continuidade. Para ele, o “terrível acontecimento” não era o fim definitivo de um império de expressão mundial e tampouco um novo começo para o sultanato. Queria ir além de simplesmente se apropriar de altares cristãos para colocá-los a serviço do Islã. [2]Essa pretensão de continuidade de elementos da cultura bizantina facilitaria para Mehmed e seus sucessores a conquista de boa parte do mundo cristão ortodoxo daquela região. O Império Otomano, que depois mudaria o nome de Constantinopla para Istambul, chegou ao seu apogeu nos três séculos seguintes.
Registros mencionados
• 11 de maio de 330, domingo Mudança da capital Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.