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O HOMEM PRIMITIVO
    1 de janeiro de 1982, sexta-feira
    Atualizado em 03/07/2025 07:19:11

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O HOMEM PRIMITIVO - Algumas referências às principais notícias quinhentistas sobre os índios encontrados na Capitania de São Vicente e suas circunvizinhanças.A DISTRIBUIÇÃO geográfica e as classificações étnica e cultural dos indígenas das capitanias dos irmãos Lopes de Sousa constituem uma questão intrincada e mesmo obscura, sob certos aspectos, porque as descrições que os cronistas e escritores nos legaram são, em alguns casos, discordantes e lacunosas, contribuindo para as dificuldades encontradas a mobilidade dos grupos ameríndios em seus contínuos deslocamentos territoriais, impulsionados e tangidos pelo nomadismo peculiar ao sistema de subsistência que adotavam, pelas guerras intertribais e pelo expansionismo do branco invasor.

Seja como for, no estudo do presente assunto, apesar decertas divergências, foram básicos e relevantes os relatos quinhentistas sobre o homem primitivo, conforme se poderá Vi$1umbrar,a seguir, através de algumas transcrições de fragmentos de notícias:.,;

De Diogo Garcia Diogo Garcia, relatando a sua viagem ao Paraguai (1), escreveu sobre o indígena do litoral fluminense, no caso o Tupinambá, o seguinte:

" ... en ella y en toda esta costa hasta el Cabo Frio malagente per fera é comem carne umana e andam desnudos". Descendo mais pelo litoral, a frota do "Capitan General Diego Garcia", ancorou em São Vicente, em 1527, onde os espanhóis mantiveram contatos (cinco anos antes de Martim Afonso) com antigos moradores daquele porto: " . . . alli vive um Bachiller e unos yernos suyos mucho tiempo ha que ha bien 30 anos . .. " em paz com "una gente alli ( . .. ) que comen carne umana y es mui buena genteamigos mucho de los cristianos que se llaman Topies" (2) e<, ... andando en el camino ai legamos á un rio que se llama el rio de los Patos ( .. . ) que ay una buena generacion que hacem muibuena obra á los cristianos, e llamanse los Carrioces" (3). [Página 15]

Como revelou Diogo Garcia, em 1527, os Tupis de São Pauloeram <<índios bons e amigos dos cristãos", conceito que perdurariaaté meados do século, porque em 1553 o P. Manuel da Nóbrega ratificava essa notícia ao escrever em uma de suas missivas a El-Rei que a

" . . . Capitania de São Vicente, onde a maior parte da Companhia (era o grupo mais numeroso do Brasil) residimos por ser ella terra mais aparelhada para a conversão do gentio que nenhuma das outras partes, porque nunqua tiverão guerra comos christãos, e hé por aqui a porta e o caminho mais certo e seguro pera entrar nas geraçõis do sertão" (4).

Também os Carijós, adversários dos Tupis de São Vicente,foram considerados, conforme a "carta" aludida, colaboradores dos cristãos (talvez espanhóis); mas, quatro anos mais tarde, dizimaram, nas proximidades da foz do Iguaçu, a expedição de oitenta homens, chefiada por Pero Lobo, que partira de Cananéia em 1o. de setembro de 1531, à procura de minas de ouro e de prata.

Do Padre Manuel da Nóbrega P. Manuel da Nóbrega, em sua "Informação das Terras do Brasil" (1549), afirmou:

"Los gentiles son de diversas castas, unos se llaman Goyanazes, otros Carijós. ( . . . ) Ay otra casta de gentiles, que se llaman Gaymures, y es gente que habita por los matos ( . . . ). Los que comunican con nosotros hasta gora, son dos castas: unos se llaman Tupeniques, y los otros Tupinambas" (5).

Serafim Leite esclareceu que a ordem das citações desses povos " .. . parece indicar a linha Sul-Norte: Guayanases e Carijós na Capitania de S. Vicente ( . .. ) Gaimurés (Aimorés) ao Norte do Espírito Santo, Tupeniques (Tupinaquins ou Tupiniquins) em Porto Seguro, e Tupinambás na Baía" (6).

De Ulrico Schmidl Ulrico Schmidl, ex-soldado alemão a serviço da Espanha, iniciou, em 26 de dezembro de 1552, uma viagem por terra de Assunção a São Vicente, onde chegou em 13 de junho de 1553.

Descrevendo essa longa caminhada de 476 léguas, que durou cinco meses e meio (7), o aventureiro fez referência a " . .. um aldeamento tupi Kariesseba, por onde passou, uma nação Wies·sache, que habitava as margens de um rio Urquaie, e, finalmente, [p. 16]

Nesse famoso livro, Jean de Léry divulgou, como Staden o fizera, preciosas informações sobre os Tupinambás (ou Tamoios)que eram vizinhos dos Maracajás (50), Goitacás e Carijós. Vejamos algumas referências aos Goitacás e Carijós (51).

Os Uetaka (Uetacá ou Goitacá), do grupo dos Charruas (52), habitantes das regiões do "baixo Paraíba do Sul e do r!o Macaé,eram de avantajada estatura e muito destros no manejo do arco" (53).

Segundo Léry, usavam "Cabelos compridos pendente~até as nádegas" e eram excelentes corredores porque "quando apertados ou perseguidos ( . .. ) correm tão rápidos a pé que não só escapam da morte como apanham na carreira certos animais silvestres, veados e corças ( ... ). Em suma, esses diabólicos Uetacá, invencíveis nessa região ( .. . ), donos de uma linguagem que seus vizinhos não entendem, devem ser tidos entre os mais cruéis e terríveis (povos) que se encontram em toda a índiaOcidental (54).

Os Carijós (Carios ou Cariós), de que trataram Diogo Garciae Staden, eram Guaranis e, no primeiro século da colonização portuguesa, demoravam além de Cananéia até o extremo sul (10país (Lagoa dos Patos) (55).

De Magalhães Gandavo Pero de Magalhães Gandavo, em sua História da Província de Santa Cruz, cuja primeira edição veio à luz em 1576, ao denominar o primitivo habitante do Brasil chamou-o de "índio", OU"gentio", mas as alusões feitas na sua obra à << língua geral" que falavam, e aos seus usos e costumes (56), fazem-nos supor quet ratou especialmente do grupo Tupi, apesar de referir-se tambén1,ainda que sucintamente, aos Jês: "Outros lndios doutra naçan1differente, se acham nestas partes ainda que mais ferozes ( . . . )chamam-se Aimorés, ( ... ) habitam da Capitania de llheos até ade Porto Seguro ... >> , informando que <<. . . há uns certos lndiosjunto do rio do Maranhão da banda do Oriente ( ... ) que sechamam Tapuyas os quaes dizem que sam da mesma nação destesAimorés . .. >> (57).A propósito desta informação de Gandavo, co vém ~ lembrarque no período colonial empregava-se, com freqü ência, o vocábulo Tapuyas para designar os grupos indígenas que não falavam o abanheém. T. Sampaio ensinou que, em Tupi, Tapuya significavabárbaro, estrangeiro (58), englobando, nessa acepção, os Jês eoutros grupos não-Tupis com caracteres étnicos e culturais bastantedessemelhantes.O emprego desse vocábulo para nomear etnias diversas, com abrangências variáveis em tempos e circunstâncias diferentes,torna inconveniente o seu uso por causa das confusões que temacarretado.Como muito bem observou Lowie: "lt certainly can lead tonothing but confusion if ethnographic and linguistic considerationsare mixed" (59).O manuscrito anônimo da Biblioteca EborenseO manuscrito anônimo da Biblioteca de Évora intitulado "Princípio e Origem dos índios do Brasil" (60) faz menção, entre outros, aos ". . . Tamoios, moradores do Rio de Janeiro ... ", à nação Carijó "que abíta além de São-Vicente como 80 leguas, contrários dos Tupinaquins de São-Vicente; destes há infinidade, e correm pela costa do mar e sertão até o Paraguai, que abitam osCastelhanos". E prossegue a narrativa afirmando que: "todas estas nações acima ditas, ainda que diferentes e muitos delles contrarias uns dos outros, têm a mesma língua, e nestes sefaz a conversão, e têm grande respeito aos padres da Companhia" (61). _,Foram feitas citações, no documento português, a " ... muitas nações de Tapuias ... >> (ao todo setenta e seis), entre elas aos Guaitacás que << ... vivem na costa do mar entre o Espírito-Santoe Rio de Janeiro, vivem no campo e não querem viver nos matos ... ", aos Guaianás (62) que ". . . vivem para a parte dosertão da Bahia, e têm língua por si . . . >> (63), e << ... outros haque chamam Cataguá; estes vivem em direito de Jequericaré entreo Espírito-Santo e Porto-seguro·· . " (64), etc.

De Gabriel Soares Gabriel Soares, em seu Tratado Descritivo do Brasil em 1587, referiu-se: aos Goitacás que habitavam o litoral do Espírito Santo· até a foz do Paraíba do Sul e foram empurrados de beira-mar·para o interior pelos indígenas que lhes eram contrários (65); aos Tamoios que << ... aos tempo que os portugueses descobriram o Brasil ... ",ocupavam a região compreendida entre o "cabo de São Tomé atéa Angra dos Reis" (66), " .. . do qual limite foram lançados para o sertão, onde agora vivem ( ... ) são estes tamoios mui inimigos dos goitacazes ... " e da ". . . parte de São Vicente partem comos guaianases, com quem também têm contínua guerra, sem se perdoarem" (67).

O famoso senhor de engenho escreveu que os Guaianás ocupavam a costa da capitania vicentina "...até contestarem com os tamoios...". Ainda informou que os Guaianás foram "...senhores e possuidores>> das terras de São Vicente e alhures: " • .• têm sua demarcação ao longo da costa por Angra dos Reis,e daí até o rio de Cananéia ( ... ) onde ficam vizinhando ... " comos Carijós. "Estes guaianases têm continuadamente guerra comos tamoios, de uma banda, e com os carijós da outra..."; "A linguagem deste gentio (Guaianá) é diferente da de seus vizinhos,mas entendem-se com os carijós .. . "; "não são os guaianasesrnaliciosos, nem refalsados, antes simples e bem acondicionados,e facilimos de crer em qualquer coisa ... ". Apesar de fisicamente se assemelharem com os Tamoios, não matavam os seus prisioneiros e eram hospitaleiros com o homem branco (68).

Em seguida, o autor do "Roteiro Geral da Costa Brasílica" registrou a presença dos Carijós na costa sul desde "...Cananéia, onde partem com os guaianases...", seus vizinhos e contrários (69).

De Antônio Knivet Antônio Knivet, tripulante da frota corsária que, sob o comando de Tomás Cavendish, saqueou, em 1591, o litoral brasileiro e acabou sendo preso pelos portugueses, em São Sebastião (Capitania de São Vicente), deixou-nos um curioso relato de suas peregrinações pelo interior do Brasil, na última década do século XVI. Knivet, nessa narrativa (70), fez referências aos Wianasses da baía da Ilha Grande, dos quais trataremos em capítulo à parte;aos Pories (71) (Puris) do Vale do Paraíba; aos Tamoyos (72) que,expulsos do litoral, se haviam refugiado no local denominado [p. 22, 23 e 24]







Parque das Laranjeiras
Data: 01/01/1982
Créditos/Fonte: Reprodução / Facebook
01/01/1982


ID: 3443


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