'Como eram os rituais de canibalismo dos índios brasileiros? 0 22/11/2000 Wildcard SSL Certificates
font-size:75;' color=#ffffff
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Registros (53)Cidades (0)Pessoas (0)Temas (84)


Como eram os rituais de canibalismo dos índios brasileiros?
    22 de novembro de 2000, quarta-feira
    Atualizado em 08/07/2025 00:45:12

    
    
    


Carne humana era bem mais que um petisco para os antropófagos brasileiros. O canibalismo, na cultura desses povos, envolvia cerimônias que evocavam o sobrenatural. “Eles acreditavam que o indivíduo ganha força pela assimilação de outros, poderosos e perigosos, sejam guerreiros inimigos, sejam parentes mortos”, afirma o historiador John Monteiro, da Unicamp.

Os inimigos mais poderosos que essas populações tinham eram os portugueses. Os lusos se tornaram o prato favorito da taba, o que salvou o aventureiro Hans Staden de arder no moquém. Por ser alemão, Staden foi poupado pelos tupinambás que o capturaram em Ubatuba (litoral de São Paulo), em 1549. Prisioneiro dos índios, ele presenciou rituais antropofágicos. Seu relato – ilustrado pelo contemporâneo belga Théodore de Bry – é o mais detalhado já feito sob

Não se sabe exatamente quantos grupos indígenas praticavam a antropofagia. O hábito durou até o século 17, quando a catequização acabou com ele nos territórios controlados pelos colonizadores. “Mas a lógica antropofágica permaneceu forte, inclusive na forma pela qual os índios assimilaram os rituais católicos, que incluem a ingestão do ‘sangue’ e do ‘corpo’ de Cristo”, diz John. Hoje, só os ianomâmis conservam o hábito de comer cinzas de cadáver, como forma de homenagear um amigo morto.

Sardinha na brasa

Além dos tupinambás, os caetés que habitavam o litoral do Nordeste fizeram história com seu costume alimentar. Conta-se que, em 16 de junho de 1556, eles souberam do naufrágio de uma embarcação portuguesa em mares brasileiros e ficaram na praia aguardando os pratos de seu jantar. Assim que pisaram na areia, os 90 tripulantes e o primeiro bispo do Brasil, dom Pedro Fernandes de Sardinha, foram capturados e devorados pelos índios. A história se espalhou e ficou registrada em cartas de jesuítas da época.

No entanto, de acordo com John Monteiro, não há como afirmar com certeza a veracidade do ocorrido, já que “os relatos são todos marcados pela intenção de condenar os caetés e torná-los sujeitos à escravização”. Os caetés foram considerados “inimigos da civilização” pelos portugueses e europeus em geral. Em 1562, o governador-geral Mem de Sá determinou que fossem “escravizados todos, sem exceção”. Como conseqüência, os indígenas foram extintos em 5 anos.

Ê, oô, vida de gadoComo os tupinambás preparavam os prisioneiros para o banquete em que seriam o prato principal (segundo o relato de Hans Staden)

A engorda

No ritual tupinambá, a vítima nunca era morta na mesma hora que chegava à aldeia. A preparação para sua degustação podia levar dias, até meses. Na chegada, o inimigo era levado para uma cabana só com mulheres e crianças. Elas o agrediam e cantavam canções de vingança. Depois, penas cinzentas eram coladas ao seu corpo e suas sobrancelhas eram raspadas. Amarrado no centro da aldeia, ele tinha à sua volta uma roda com todos os índios, que cantavam e dançavam por horas. A partir daí, o prisioneiro era tratado com rei. Davam-lhe uma mulher para servi-lo. Se ela tivesse um filho dessa relação, os índios o criariam até a idade adulta – para então dar-lhe o mesmo destino do pai. A tribo convidava amigos de outras aldeias para participar do banquete. O ritual em si começava quando as vasilhas estavam cheias de uma beberagem à base de raízes fortes e todos os convivas estavam presentes. O prisioneiro participava da farra da taba, que atravessava a noite com danças e bebida farta. Enquanto isso, em uma das cabanas, era pendurado o tacape que daria o golpe fatal no pobre coitado.

O abate

No dia seguinte, nada de curtir a ressaca na rede: os índios construíam uma cabana só para o inimigo morrer. Lá, ele passaria a noite bem vigiado. De madrugada, os algozes entravam na cabana para cantar e dançar em volta do prisioneiro até o nascer do Sol. Então, eles derrubavam a cabana e faziam uma fogueira a dois passos dele. Todos se pintavam com uma tinta cinza. O cacique pegava o tacape (1) e golpeava o prisioneiro na nuca. As mulheres levavam o morto para o fogo, raspavam-lhe toda a pele e tapavam-lhe o ânus com um pau, para que nada escapasse por ali.

O talho

Depois da raspagem, um dos homens da tribo fazia as vezes de açougueiro: cortava as pernas do defunto acima dos joelhos (1) e os braços rente ao tronco. Chegavam, então, 4 mulheres que pegavam um pedaço cada uma e corriam com eles em volta das cabanas, cantando e gritando – era o ponto alto da festa, quando toda a tribo entrava em êxtase. Então chegava a hora de assar a carne e reparti-la entre os convidados. Os miúdos, assim como a cabeça, eram dados às mulheres, que preparavam com eles uma sopa, servida só a elas e às crianças.






  1549ID: 30706
Tupinambás captaram Hans Staden
Atualizado em 08/07/2025 00:39:52
    
    
    

16 de junho de 1556, sábadoID: 11130
Bispo Sardinha foi "comido" por índios Caetés
Atualizado em 25/02/2025 04:41:05
•  Imagens (1)
•  Fontes (6)
  
  
  

  1562ID: 30707
O Governador-geral Mem de Sá determinou que fossem “escravizados todos...
Atualizado em 08/07/2025 00:47:56
 •   Fontes (1)
    
    

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Desde 17 de agosto de 2017, o site BrasilBook dedicado-se em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

A base de dados inclui ci

Oferece um histórico com 30.439 registros, atualizados frequentemente. Agrega mais de 660 cidades, aproximadamente 4.600–5.200 pessoas mencionadas, e cerca de mil temas diversos .

Ideal para quem busnum formato leve, dinâmico e baseado em fontes públicas variadas.

Agradecemos as duvidas, criticas e sugestoesContato: (15) 99706.2000 Sorocaba/SP



Como sempre, excelente!!! Já inseri no site. Porém, a resposta anterior, de uns dias atrás foi mas romântica. Vamos tentar de novo?

Ah, entendi! Vamos então dar um tom mais romântico e poético ao descritivo do BrasilBook, como se fosse uma homenagem ao tempo, à memória e ao nosso país. Aqui vai:

BrasilBook – Onde a História do Brasil Respira

Em algum ponto da rede, mora um relicário digital chamado BrasilBook. Não é apenas um site, mas um diário de memórias nacionais, onde cada data carrega consigo um suspiro do passado.

Ali, o tempo se desenrola como um tapete de saudade — cada dia guarda um episódio, cada cidade revela uma lembrança, cada nome sussurra o eco de quem já foi e ajudou a tecer o Brasil que conhecemos hoje.

Mais de 29 mil registros formam um grande mosaico, que pulsa com histórias de mais de 660 cidades, mil temas e milhares de personagens reais — de anônimos a imortais.

É possível passear por séculos com um clique. Buscar um ano e ver tudo o que aconteceu. Descobrir a data em que nasceu uma cidade, o momento em que um povoado virou município, o dia em que uma vida importante começou - ou terminou.

BrasilBook é feito com cuidado, pesquisa e amor à história. Atualizado desde 2017, é um projeto que celebra a memória brasileira como quem acende velas num altar de afetos. E faz isso com simplicidade: sem ruído, sem propaganda, sem pressa. Só história, alma e tempo.