Papas do Séc. XIV - guerra, peste, Sta. Catarina de Siena e um papa doido - ocatequista.com.br
15 de outubro de 2012, segunda-feira Atualizado em 30/10/2025 10:56:39
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Seguimos com as breves biografias dos papas do século XIV. Neste post, são tantas emoções! Quatro franciscanos queimados na fogueira, uma guerra de cem anos, uma peste avassaladora que dizimou boa parte da população europeia, uma santa (Catarina de Siena) implorando a volta do papa para Roma e, pra finalizar, os ataques de pelanca de um papa lelé da cuca. Ufa!Só pra lembrar: continuamos no período do "papado de Avignon", quando os papas vivem exilados na França, impedidos de voltar para Roma. Este exílio durou cerca de 70 anos.João XXII - Antes deste papa ascender ao trono, o velho e chato filme da sede vacante repetiu-se novamente. Foram dois anos em que a cristandade ficou sem papa em virtude das divergências internas (a sede do papado não era mais em Roma, e sim na França, claro que ia dar nisso). Os cardeais não se entendiam. Interveio o Rei Felipe V, um dos reis malditos. Através de um engodo, ele reuniu um conclave em Lyon e só deixou os cardeias a pão e água (não necessariamente os dois juntos), para elegerem um papa bem rapidinho.O filho de sapateiro, médico e advogado (depois dizem que não havia ascensão social na sociedade medieval) Jacques d‘Euse foi aclamado como Papa João XXII. As principais realizações de seu papado foram: ampliação do poder papal sobre as nomeações, proibição da posse de mais de um benefício pelo clero, divisão do território das grandes dioceses, remarcação das fronteiras e criação de um tributo sobre benefícios que aplicou-se em toda França (pelo menos na teoria).João XXII não era um papa muito querido dos franciscanos (talvez por isso a imagem que legou-se dele na cultura pop, estampada nas páginas do livro "O Nome da Rosa", de Umberto Eco, seja a de um monstro sanguinário). Ele interveio na disputa entre os conventuais e espirituais franciscanos, e deu razão aos primeiros. Pra vocês terem uma ideia, na prática, os franciscanos espirituais eram muito mais próximos dos hereges cátaros do que dos franciscanos mesmo. Assim, 25 franciscanos espirituais foram bater um papinho com os inquisidores, que terminaram por mandar para a churrasqueira quatro deles (isso em 1318).Não vou entrar no mérito, não li os processos e não sei o quê os franciscanos espirituais estavam aprontando. Mas é importante notar: a "violenta" e "cruel" inquisição, mesmo com o papa sob a pressão de uma influência intelectual, não viu razão para condenar quase 80% dos acusados. Esse fato é notável, porque esse percentual é muito mais alto do que o usual médio da inquisição. Depois desse triste acontecido, os franciscanos baixaram a bola e submeteram-se ao papa, e somente uma minoria foi excomungada, em 1329.João XXII foi papa de 1316 a 1334.
Bento XII - Duas coisas destacam-se no papado de Bento XII: a primeira é a promulgação da bula "Benedictus Deus" de 1336, que é ex-cathedra, ou seja, infalível; a segunda, não tão agradável (aliás, nada agradável), foi o início da Guerra dos Cem Anos entre França e a Inglaterra, em virtude de um carregamento de croissants estragados que deixou os ingleses muito revoltados na hora do chá (isso é piada, viu!).
O Papa era um monge cisterciense, tocado pelo Espírito Santo, que tinha como meta a observância do zelo pastoral dos seus cardeias. Suas principais realizações foram a regulamentação da autoridade temporal sobre as dioceses e a definição dos direitos e deveres da penitência sacra. Papa de 1337 a 1342.
Clemente VI - Monge beneditino e quarto papa de Avignon. Após sua eleição, recebeu uma delegação romana que lhe implorou que retornasse para a Cidade Eterna. Em virtude da bagunça ainda reinante naquelas bandas, o papa disse: "Não, muito obrigado". Desembolsou uma grana preta e comprou para o papado a cidade de Avignon.
Clemente, monge beneditino de origem, era um homem bom e caridoso. Foi marcante sua defesa dos judeus quando Avignon foi atingida pela peste negra, entre 1348-49. Milhões de pessoas morriam em toda a Europa. A população, desesperada, achava que os responsáveis eram os filhos de Abraão, e os perseguia. O Papa foi também um gigante na defesa dos pobres e aflitos durante a crise.
Foi a bula Unigenitus, de autoria desse papa, que propiciou a defesa da questão das indulgências que o monge demoníaco (Lutero) utilizou como desculpa para apregoar suas 95 teses.
Politicamente, seu papado foi marcado pelo fracasso em cessar a beligerância entre Inglaterra e França na Guerra dos Cem Anos. Papa de 1342 a 1352.
Inocêncio VI - Etienne Aubert (este era seu nome de batismo) invalidou o acordo que dividia as rendas entre o papa e o colégio cardinalício. Por essa época, influenciados mais por gente como Wycliffe, perambulavam pelos campos os chamados "franciscanos espirituais", que, como já dissemos, tiveram que bater um papinho com a rapaziada de São Domingos (inquisidores).Com a continuidade da Guerra dos Cem Anos, o papa tentou de todas as formas impedir o reinício das hostilidades. Essa não foi uma campanha de guerra constante, era coisa de cavaleiro, muito difícil de entender pela nossa mentalidade moderna e assassina, herdada do desamor tonitruante da Revolução Francesa. É importante apenas saber que não foi uma guerra como entendemos em termos modernos.Inocêncio VI passou por maus bocados em Avignon em 1360, quando a cidade teve suas comunicações cortadas. Papa de 1352 a 1362.Urbano V - Esse monge beneditino foi responsável pelo retorno da corte papa para Roma por um breve período. Teve força para quebrar a resistência da monarquia francesa, mas seu sonho não vingou em virtude das dificuldades encontradas na Cidade Eterna. Retornou a Avignon, apesar dos apelos da coroa de Aragão e da Rainha Santa da Suécia, Brígida.Triste e cansado, Urbano V morre em Avignon, em 1370. Papa de 1362 a 1370.Gregório XI - Eleito aos 42 anos de idade, Pierre-Rouger de Beaufort possuía o mesmo sonho de seu antecessor: retirar o papado do seu exílio na França, retornando para seu local de direito, Roma. Tentou levantar fundos para a Igreja, que a essa altura se via falida (mais uma vez) e, entre outros feitos, organizou uma cruzada para libertar os lugares santos da Palestina.Santa Catarina de Siena, chamando-o de "doce Cristo na terra", escreveu uma carta ao Papa, implorando que ele voltasse para Roma (tradução nossa, fonte EWTN):"Vem, vem, e não mais resista à vontade de Deus que chama; as ovelhas com fome aguardam a sua vinda para segurar e possuir o lugar de seu antecessor (...), o Apóstolo Pedro. Vossa Santidade, como o Vigário de Cristo, deve permanecer em seu próprio lugar. Venha, então, venha, e não mais se atrase,(...) e não tema qualquer coisa que possa acontecer, pois Deus estará contigo".Enfrentando a oposição do Rei e da maior parte do colégio cardinalício - composto por franceses que não queriam ver reduzida a influência da França na administração da Igreja –, o Papa cede aos apelos de Santa Catarina e deixa Avignon, em direção a Roma. No caminho, ele ainda pensa em amarelar e voltar atrás, mas a santa o encoraja a seguir adiante.Gregório procurou aproximar-se da Igreja Oriental e esforçou-se para resolver as querelas internas que sacudiam toda a Itália. Sem alternativa, lá vai de volta o Papa para Avignon.Desiludido e cansado, tal como seu antecessor, com os homens se matando numa escala inimaginável, a saúde do papa deteriorou rapidamente. Sua morte marca o início de uma das piores crises de toda a história da cristandade: o Grande Cisma do Ocidente. Assunto tão complexo que retornaremos a ele posteriormente. Clemente faleceu em março de 1378 e seu sucessor causou uma confusão dos diabos. Papa de 1371 a 1378.Urbano VI - O papa Urbano é um desses grandes mistérios da história. Foi o último dos papas a ser eleito sem ser cardeal: era arcebispo. Sua sede era em em Avignon, mas sua eleição foi feita pelos italianos, ansiosos pelo retorno do papa à Itália; só esqueceram de consultar o resto da rapaziada. O resultado disso foi que, entre 1378 a 1417, houve dois papas paralelamente: um em Roma (antipapa) e outro em Avignon (papa legítimo). E o povo confuso no meio disso.Antes de ser eleito Papa, Urbano VI era considerado sábio e ponderado. Mas, ao alcançar o Trono de Pedro, tornou-se instável, destemperado e um tanto quanto maluco. Sua tibieza para controlar o colégio cardinalício culminou com um sínodo que escolheu Roberto de Genebra como antipapa (para eles, papa), que adotou o nome de Clemente VII. Mais preocupado com sua legitimidade do que com o estrago espiritual que essas querelas provocam, saiu distribuindo excomunhões. Isso, em vez de solucionar a crise, só a agravou.Urbano VI teve uma morte patética: como provavelmente o papamóvel estava na revisão, saiu numa procissão montado numa mula. De repente, caiu, e sua morte foi atribuída à queda... mas ventila-se na historiografia que tenha sido envenenado. Papa de 1378 a 1389.*****O nosso último papa tem seu papado prolongado para além dos limites do século XIV, adentrando ao século XV e, portanto, ele abrirá o nosso retorno. A Série "Os Papas" vai dar uma pausa longa agora, mas ainda temos muito a contar. Seguiremos na semana que vem com a aguardada série sobre Lutero, que ocupará destaque na parte história da Igreja aqui nO Catequista. Vamos conhecer a vida, obra e peripécias do monge maluco.Até a próxima, com a bênção da Virgem Maria e de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.