18 de dezembro de 2023, segunda-feira Atualizado em 02/10/2025 11:27:14
•
•
Umbanda é uma religião afro-brasileira que sintetiza o culto aos Orixás e aos demais elementos das religiões africanas, em especial Iorubá, com indígenas e cristãs, porém sem ser definida por eles.[2]Estruturada como religião no início do século XX em São Gonçalo, Rio de Janeiro, a partir do sincretismo entre candomblé, o catolicismo e o espiritismo que já se vinha operando ao longo do final do século XIX em quase todo o Brasil. É considerada uma "religião brasileira por excelência" caracterizada pela síntese entre a tradição dos orixás africanos, os santos católicos e os espíritos tradicionais de origem indígena.[3][4]O dia 15 de novembro é considerado a data do surgimento da Umbanda como religião organizada,[5][6] e foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012 pela Lei 12.644.[7] Em 8 de novembro de 2016, após estudos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a umbanda foi incluída na lista de patrimônios imateriais do Rio de Janeiro por meio de decreto.[8]Etimologia"Umbanda" ou "Embanda"[9] são oriundos da língua quimbunda de Angola, significando "magia",[4] "arte de curar".[10] Há também a suposição de uma origem em um mantra na língua adâmica cujo significado seria "conjunto das leis divinas"[11] ou "deus ao nosso lado".[6]Também era conhecida a palavra "mbanda" significando “a arte de curar” ou “o culto pelo qual o sacerdote curava”, sendo que "mbanda" quer dizer “o Além, onde moram os espíritos”.[12]Já as vertentes caracterizadas pela negação de alguns elementos africanos, como a Umbanda Branca, declarou após o I Congresso do Espiritismo de Umbanda de 1941[13] que "Umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda, termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".[14]HistóriaSéculo XVII - Calundu dos escravizadosAs primeiras comunidades religiosas afro-brasileiras que se têm documentadas surgiram ainda no século XVII. É provável que a mais antiga documentação de práticas rituais africanas no Brasil seja uma pintura de Zacharias Wagener datada, no mais tardar, de 1641[15]. Praticadas pelos escravos, essas comunidades religiosas e suas práticas de culto ficaram conhecidas como Calundu.[16] Os Calundus surgiram a partir das chamadas rodas de batuques, onde os escravos dançavam, tocavam atabaques em seus momentos de folga ao redor das senzalas.[16] Eram ostensivamente perseguidos pelas autoridades civis e colonizadores portugueses.[17] Existia no Calundu o sincretismo entre as crenças africanas, com Pajelança indígena e Catolicismo.[16]
Um documento da Inquisição Portuguesa de 1646 demonstra a presença de um sacerdote de Angola atuando na Capitania da Bahia de Todos os Santos, chamado Domingos Umbata, e descreve uma Gira de Inquice numa sessão de Calundu:
"[...] Com uma tigela grande cheia de água, com muitas folhas e uma cascavel, um dente de onça, viu a testemunha algumas negras que se estavam lavando naquela tigela para abrandar as condições de suas senhoras” e outra noite foi à sua casa, pela meia noite ver “uma grande bula e matinada com muita gente e ele só falava língua que ele (o denunciante) não entende”. Na tigela com água punha também carimã, com a qual fazia uma cruz e círculo à volta, depois botava-lhe uns pós por cima e a mexia com uma faca e ficava fazendo como se estivera ao fogo e inclinando-se sobre a tigela, falava com ela, olhando de revés para as negras presentes em sua língua [...]" [18]
O Calundu vai se dividir em duas vertentes importantes: a Cabula e o Candomblé Bantu ou Angola.[19] A Cabula sincretizava as crenças africanas do Calundu com o catolicismo, pajelança indígena — sincretismo já existente no Calundu — e espiritismo kardecista.[17] Com o crescimento do número de escravos vindos de diversos lugares, o Calundu passa a ser cultuado de forma mais elaborada, dando início ao Candomblé, que manteve o ritualismo Bantu, com uma fraca sincretização com Catolicismo.[19][20]
Com a chegada dos povos Iorubás, quetos, Oiós, Ijexá, Ijebu Odé, Ibadan, Egbás e Jejes que desejavam preservar com mais intensidade os elementos ritualísticos africanos de seus territórios de origem, — mas sem deixarem de utilizar o sincretismo católico como forma de se livrarem das perseguições feitas pelos colonizadores e pelas elites dominantes, — surgem as demais linhas do candomblé, como o Candomblé-Ketu e o Candomblé-Jeje.[21] Com o tempo, os templos de cabula e banto que não aderiram aos sincretismos e às influências jejê-nagô existentes na sua versão fluminense, passam a dar origem aos terreiros de Umbanda Angola e Almas e Umbanda Omolokô.[17]
Século XVII a XIX - A CabulaVer artigo principal: Cabula
Muitos estudiosos remontam as origens da Umbanda, de forma prática, aos rituais dos antigos centros de Cabula, conhecidos popularmente como "Macumba" já existentes desde o século XVIII.[22] Populares no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia, muitos terreiros de Cabula já sincretizavam rituais africanos com catolicismo e crenças indígenas.[23] Daí, Zélio Fernandino de Morais adapta rituais desses terreiros sob uma roupagem espírita kardecista, dando surgimento a Umbanda como religião organizada, que depois se conhece por Umbanda branca e demanda.[22] Os terreiros das zonas rurais e periferias urbanas conhecidos como Macumba Popular, e ainda hoje como Umbanda Popular, descendem dos terreiros de Cabula que não foram absorvidos pelo espiritismo de Zélio.[23] Alguns ritos umbandistas como Omolocô, Almas e Angola também surgiram a partir desses terreiros de Cabula, mas absorvendo mais influências do Candomblé.[23] A Cabula se dividiu em dois grupos principais:
Cabula Bantu: surgiu em meados do século XIX, em Minas Gerais e na Bahia e é descendente direta do Calundu praticado pelos escravizados.[17] Espalhou-se pelos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde sofreu perseguição das elites cristãs até os dias de hoje.[17] A Cabula Bantu sincretizava o Calundu, a religião Bantu, com elementos do catolicismo, crenças indígenas e, já nas últimas décadas do século XIX, espiritismo.[17]
Macumba Popular: surgiu no final do século XIX, no Rio de Janeiro e espalhou-se rapidamente em São Paulo e Espírito Santo.[17][24] Essa Macumba Popular do Rio diferenciava-se da Cabula Bantu de Minas e Bahia pela influências do ritualismo e práticas jejê-nagô e do esoterismo europeu através de publicações como O Livro de São Cipriano da Capa Preta.[17] Tanto no Rio de Janeiro, como em São Paulo e no Espírito Santo, a Macumba agregava em si elementos religiosos dos mais variados tipos e origens como as crenças já populares no Brasil, as luso-brasileiras, as árabes, as francesas, as ciganas, as hebraicas e tantas outras oriundas de várias partes do mundo.[17] A Macumba era altamente sincrética ao agregar em si diversas concepções religiosas e diversidade ritualística nos terreiros.[17]
Por conta de seu sincretismo, esta Macumba Popular era frequentada por parte da elite como também pelas classes menos favorecidas e pessoas de diversas religiões e origens.[17][25] O jornalista João do Rio falará a respeito disso: "A mistura na Macumba não estava presente somente nos mitos, ritos e doutrinas, mas também, estava no campo social que era totalmente heterogêneo. Frequentavam seus cultos pessoas de diversos níveis da sociedade, misturando-se no mesmo espaço, grandes empresários, altos funcionários do governo, delegados e policiais, com simples operários, favelados, ladrões, bandidos, assassinos, malandros gigolôs e homossexuais. Senhoras e moças brancas da alta sociedade com as domésticas pretas e as prostitutas."[26] Desta Macumba se dividirão dois grupos principais: um atrelado ao espiritismo kardecista, que irá abolir alguns elementos bantu e iorubás, como o sacrifício de animais e o uso de atabaques, dando origem à Umbanda branca e demanda, de Zélio; e outro, a Umbanda Popular, que continuou seu curso normal, mas relegado à marginalidade pela classe média e alta.[16]Zélio Fernandino e o anúncio da UmbandaPor volta de 1907[27]/1908 (15 de novembro de 1908)[6] (as fontes divergem quanto à data precisa), um jovem chamado Zélio Fernandino de Morais, prestes a ingressar na Marinha, passou a apresentar comportamento estranho que a família chamou de "ataques". O jovem tinha a postura de um velho dizendo coisas incompreensíveis, em outros momentos se comportava como um felino.[28] Após ter sido examinado por um médico, esse aconselhou a família a levá-lo a um padre, mas Zélio foi levado a um centro espírita. Assim, no dia 15 de novembro, Zélio foi convidado a se sentar à mesa da sessão na Federação Espírita de Niterói,[27][6] presidida na época por José de Souza.[6]Incorporou um espírito, levantou-se durante a sessão e foi até ao jardim para buscar uma flor e colocá-la no centro da mesa, contrariando a regra de não poder abandonar a mesa uma vez iniciada a sessão. Em seguida, Zélio incorporou espíritos que se apresentavam como negros escravizados e índios. O diretor dos trabalhos alertou os espíritos sobre seu atraso espiritual, convidando-os a sair da sessão quando uma força tomou conta de Zélio e disse:[29]Por que repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Será por causa de suas origens sociais e da cor?— Caboclo das Sete EncruzilhadasAo ser indagado por um médium ele respondeu:[29]Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida.[30] Acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como Caboclo brasileiro.— Caboclo das Sete EncruzilhadasA respeito de sua missão, assim anunciou:[31][6]Se julgam atrasados esses espíritos dos negros e dos índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho para dar início a um culto em que esses negros e esses índios poderão dar a sua mensagem e assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminho fechado para mim.— Caboclo das Sete EncruzilhadasNo dia seguinte, na residência da família de Zélio, na Rua Floriano Peixoto, nº. 30, no bairro Neves, reuniram-se os membros da Federação Espírita de Niterói, visando comprovar a veracidade do que havia sido declarado[32] pelo jovem. Novamente incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que declarou que os velhos espíritos de negros escravizados e índios de nossa terra poderiam trabalhar em auxílio do seus irmãos encarnados, não importando a cor, raça ou posição social.[6] Assim, neste dia se fundou o primeiro terreiro de umbanda chamado de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.[27]O espírito estabeleceu normas como a prática de caridade, cuja base se fundamentaria no Evangelho de Cristo e seu nome "allabanda",[33] substituído por "aumbanda", e posteriormente se popularizando como "umbanda".[32]Período intermediário: tentativas de unificação e rupturas na UmbandaNo ano de 1918, fundaram-se sete tendas para a propagação da Umbanda: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Gerônimo. Até a morte de Zélio em 1975, mais de 10 mil templos foram fundados além desses iniciais.[34] Em 1939, na tentativa de uma unificação, foi criada a União Espírita de Umbanda do Brasil.[35] A partir desse momento, somente as práticas que seguiam os fundamentos propostos pelo Caboclo Sete Encruzilhadas incorporado em Zélio passaram a ser consideradas como Umbandistas pela ramificação branca e espiritista.[36]Em 1940, o escritor Woodrow Wilson da Matta e Silva apresentou a Umbanda como ciência e filosofia, criando então a Escola Iniciática da Corrente Astral do Aumbhandan, a "Umbanda Esotérica" na Tenda Umbandista Oriental, em Itacuruçá, no Rio de Janeiro.[37] Em 1941 a UEUB organizou sua primeira conferência, o I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda[38] como forma de tentar definir e codificar a Umbanda como uma religião em direito próprio e como uma religião que unisse todas as religiões, raças e nacionalidades. A conferência também promoveu uma dissociação das tradições afro-brasileira.[13] Os participantes concordaram em fazer uso das obras de Allan Kardec como fundação doutrinária da Umbanda, ao mesmo tempo que se dissociavam das outras tradições religiosas afro-brasileiras.[39] Ainda assim, os espíritos fundadores da Umbanda, os Caboclos e os Preto Velhos ainda foram mantidos como espíritos altamente evoluídos.Em termos gerais, os participantes do Congresso concentraram-se em remover as raízes africanas e afro-brasileiras da Umbanda. Para tanto, usaram como artifícios mesmo teorias científicas ultrapassadas, como a do continente submerso de Lemúria[40], por onde a Umbanda teria cruzado ao sair do seu berço hipotético, o Oriente, em direção à África, onde se teria degenerado em fetichismo,[39] em cuja forma foi trazida ao Brasil pelos escravizados.[41] A influência africana na Umbanda não foi de todo rejeitada, haja vista a manutenção dos Pretos-Velhos e Caboclos. Mas foi uma assimilação gritantemente racista[42], com a percepção de corrupção da tradição religiosa original, como uma fase de retrocesso evolutivo em que a Umbanda teria sido exposta ao barbarismo na forma de costumes vulgares e praticada por pessoas com "costumes rudes e defeitos psicológicos e étnicos"[43]. No limite, o caráter Africano da Umbanda era aceito na compreensão de ter-se originado no Egito, sendo então da parte mais "civilizada" do continente.[44]O rastreio das raízes "genuínas" da Umbanda até ao Oriente, juntamente com a rejeição das raízes africanas, foi refletida na invenção de nova definição do termo "Umbanda", que é comprovadamente derivado do idioma Banto[9][10]. Declarou-se que "Umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda, termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".[14][13]. A partir da década de 1950, os setores mais humildes da população umbandista composta por negros e mulatos começaram a contestar o distanciamento da Umbanda das práticas africanas. A "umbanda branca" se opunha à tendência de recuperar os valores africanos presentes na religiosidade popular.[45]O segundo congresso ocorreu em 1961 evidenciando o crescimento da vertente branca da religião, que teve sua imagem reconstruída pela imprensa. Milhares de devotos compareceram ao Maracanãzinho com representantes de vários estados e a presença de políticos municipais e estaduais.[45] O jornal O Estado de S. Paulo noticiou a realização do congresso no Rio de Janeiro afirmando que a "preocupação central do Congresso parece ser a elaboração de um código que orientará a feitura de uma Carta Sinódica da Umbanda". No mesmo ano, o jornal Diário de S. Paulo publicou uma grande reportagem com o título "Saravá meu Pai Xangô, Saravá Mamãe Oxum", onde o jornalista descreve uma "sessão assistida pelos repórteres a convite do deputado gaúcho Moab Caldas".[46]Em 1950, em resposta às perseguições que os terreiros sofriam por parte das autoridades civis bem como em resposta ao projeto de "embranquecimento" da Umbanda pregada pela União Espírita de Umbanda do Brasil, o pai de santo Tancredo da Silva Pinto liderou o movimento que deu origem à Federação Umbandista de Cultos Afro-Brasileiros.[47] A federação visava organizar e dar maior representatividade aos terreiros que sofriam preconceito por conta de seus ritos afro-brasileiros.[47][48] A federação, que nasceu no Rio de Janeiro, promoveu várias ações e eventos religiosos bem como se expandiu para os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco.[49] Defensora tenaz das origens africanas da Umbanda em contraposição ao grupo que pregava uma Umbanda com forte ênfase no kardecismo.[47][49]Mesmo após as tentativas de unificação, nas décadas de 40, 50 e 60 ainda existiam inúmeros terreiros no Rio de Janeiro não vinculados à União Espírita de Umbanda do Brasil, principalmente por discordarem das normativas propostas pela federação e por serem consideradas atividades isoladas. Também não eram vinculadas à Federação Umbandista de Cultos Afro-Brasileiros. Esses terreiros realizavam práticas ritualistas sob a denominação de Umbanda, por exemplo a Tenda Espírita Fé, Esperança e Caridade e Pai Luiz D´Ângelo, praticante do segmento Umbanda de Almas e Angola.[6]Consolidação popular, apagamento histórico e racismoNo terceiro congresso realizado em 1973[50] a Umbanda afirmou-se em definitivo como uma religião expressiva no campo das atividades assistenciais. Além dos centros onde ocorriam as atividades espirituais, a religião contava com escolas, creches, ambulatórios etc. articuladas em torno da missão de promover a caridade e a ajuda.[51]Assim, a Umbanda teve seu auge ao ser declarada como religião de muitas personalidades como os cantores Clara Nunes, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Baden Powell, Bezerra da Silva, Raul Seixas, Martinho da Vila entre outros, e a opinião pública tornou-se mais favorável após a década 1980, porém essa aceitação mais aberta restringia e restringe-se às vertentes onde se operou um apagamento dos elementos negros em detrimento do sincretismo católico.[52] Na década de 1990 a Umbanda e outras religiões de matrizes africanas foram alvo do crescente neopentecostalismo brasileiro. Em 2003, foi fundada a Faculdade de Teologia Umbandista (FTU), mantida pela Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino[53] fundada em 1970 por Francisco Rivas Neto, na Água Funda, São Paulo.[54]Apesar de a Umbanda ter sido anunciada como religião organizada por Zélio e seu guia espiritual Caboclo Sete Encruzilhadas, não foi a sua vertente que se tornou popular no Brasil.[55] A umbanda se popularizou através de sua raiz africanista encontrada na cabula do Rio de Janeiro, também conhecida como macumba.[55][56] Há muitos estudos e fontes documentais que mostram que a raiz da Umbanda precede ao anúncio de Zélio, e que o trabalho dele foi ter incorporado elementos das religiões afro-brasileiras a um ritual com características espíritas kardecistas.[56]Na Umbanda de Zélio, muitos elementos africanos como o uso de atabaques, a prática do sacrifício animal ritualístico, manifestações de exus e pombajiras e outros mais foram suprimidos.[56] Tal processo foi chamado de "embranquecimento" da Umbanda, visto que tal prática tornava a Umbanda mais palatável aos costumes das classes alta e média do Rio, sofrendo estas vertentes menos preconceito da sociedade, ao contrário das que mantiveram mais elementos africanos.[56] Os terreiros como da Umbanda Popular, do Ritual Almas e Angola, do Omolocô e da Umbanda Traçada, praticados por pessoas de classe baixa e situados nas comunidades, zonas rurais e favelas conservaram mais práticas africanas próximas da antiga Macumba e do Candomblé.[56] Um dos grandes proponentes ao retorno da Umbanda às suas raízes africanas foi o, já citado, escritor e pai de santo Tancredo da Silva Pinto.[56]CaracterísticasA Umbanda possui muitas vertentes com práticas diversas, nomeadas de diferentes formas[57], como Umbanda Nação, Umbandomblé, Umbanda Sagrada, Umbanda Omolocô, umbanda Crística, etc.[58][59] Essas diferentes vertentes partilham o culto a entidades ancestrais e a espíritos associados a divindades diversas de cultos não só africanos, mas mesmo hindus, árabes, católicos, entre outros, a depender da vertente.[58] Apesar, existem comuns a todas, sendo:[60][61][62]Um deus único e onipresente, chamado pela tríade Olódùmarè, Olorum e Oxalá. Na Umbanda Angola é Zambi.[nota 1]Crença nos Orixás.Crença na existência de Guias ou entidades espirituais.Lei de causa e efeito pela qual os umbandistas pagam o bem recebido com o bem e o mal com a justiça divina.[64]A Umbanda se fundamenta na obediência a ensinamentos básicos de valores humanos, como a fraternidade, a caridade, a não discriminação e a coletividade. Além desses preceitos, também há necessidade de práticas mediúnicas como servir de "aparelho" (o medium) para viabilizar a comunicação entre espíritos e Orixás com os seres humanos.[64]A antropóloga brasileira Patrícia Birman falará o seguinte a respeito da diversidade de crença dentro da Umbanda e a unidade doutrinária na diversidade:[65]Entre os terreiros são encontradas diferenças sensíveis no modo de praticar a religião. Tais diferenças, contudo, se dão num nível que não impede a existência de uma crença comum e de alguns princípios respeitados por todos. Há, pois, uma certa unidade na diversidade.A diversidade se expressa nas várias e reconhecidas influências de outros credos na umbanda. Encontramos adeptos de umbanda que praticam a religião em combinação com o candomblé, com o catolicismo, que se dizem também espíritas, absorvendo os ensinamentos de Kardec e, entre estes, as variações continuam: centros que aceitam determinados princípios do candomblé e excluem outros, que se vinculam a uma tradição por muitos ignorada etc. Não há limites na capacidade umbandista de combinar, modificar, absorver práticas religiosas existentes dentro e fora desse campo fluido denominado "afro-brasileiro".Fato é que os umbandistas desenvolveram formas próprias de lidar com essas características da sua religião. A segmentação, a dispersão, a multiplicidade se combinam de alguma maneira com a unidade, a doutrina, a hierarquia. Essas combinações estão claramente presentes nas formas como os religiosos elaboram a relação dos médiuns com os espíritos, mas formas pelas quais organizam a multiplicidade de santos num conjunto inteligível e como também conseguem, apesar da segmentação, reunir todos os fiéis numa mesma doutrina.PanteãoVer artigo principal: Linhas de Trabalho na UmbandaO panteão Umbandista é formado por seus Orixás e entidades de trabalho. Os espíritos (entidades) que trabalham na Umbanda são organizados em linhas e falanges (legiões). Cada linha está sob a direção de um Orixá ou alguma entidade africana ou indígena, enquanto os nomes e configurações exatas variam dentro da Umbanda. São na maioria compostos a partir de divisões étnicas, por exemplo, "Povo de Moçambique", "Legião de Tupi-Guarani". Em geral, os espíritos nos rituais da umbanda se enquadram nestas categorias:[66]Caboclos, espíritos indígenas, como o Sete Encruzilhadas.Pretos-velhos, os espíritos de africanos escravizados.Crianças.Exus, mensageiros dos orixás; entidades mais próximas dos humanos, protegendo as suas estradas, caminhos.Pombajiras, entidades da linha da esquerda com hierarquia própria.Todas acima são chamadas "espíritos de luz", trabalhando exclusivamente propósitos considerados benignos. Na vertente da Umbanda Branca, extremamente sincretizada ao cristianismo, não se cultuam entidades como os Exus, que são considerados espíritos banidos[66]. Tradicionalmente, ao contrário, as raízes africanas da cosmovisão Umbandista não adota a divisão maniqueísta entre bem e mal.[67]
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.