João II (Toro, 6 de março de 1405 – Valladolid, 20 de julho de 1454)[1] foi rei de Castela e de Leão de 1406 até sua morte em 1454.Filho de Henrique III de Castela com Catarina de Lencastre, herdou o trono de Castela e Leão de seu pai com oito anos de idade, através de uma regência formada por sua mãe e seu tio. Casou-se duas vezes com Maria de Aragão e mais tarde com Isabel de Portugal. Demonstrou-se fraco quanto aos assuntos do Estado e da nobreza, seu reinado foi caracterizado por abusos e desordens. Governou por 48 anos, até ser sucedido por seu filho, Henrique IV, o Impotente, com Maria, após sua morte.
Vida
João II nasceu em 6 de março de 1405, em Toro, na Província de Zamora. Era filho de Henrique III de Castela[2] e de sua esposa Catarina de Lencastre, filha de João de Gant e de Constança de Castela, a filha do rei Pedro I de Castela (Pedro o Cruel).[3] Era também bisneto do rei Eduardo III de Inglaterra pela linha materna.
Sucedeu ao pai em 25 de Dezembro de 1406, com um ano e dez meses de idade, sob a regência de sua mãe e do tio, Fernando de Antequera, que se tornaria Fernando I de Aragão.
Fraco, dependente, amável, cantava, trovava, dançava. Divertiam-no versos e torneios.[4] Segundo cronistas espanhóis.
Seu reinado foi caracterizado por desordens contínuas, turbulências e abusos pois se mostrou fraco perante a arrogância da nobreza. Durante grande parte do reinado exerceu o poder soberano o ministro Álvaro de Luna, que veio a morrer decapitado. A prisão e morte do favorito se ficou devendo à atuação de D. Isabel de Portugal, rainha de Castela, que tomou a peito sua detenção e julgamento. O tratado de paz que pôs fim à Guerra da Independência entre Portugal e Castela foi assinado em Medina del Campo. Por essa altura morreu D. Nuno Álvares Pereira, o maior herói da guerra. O rei castelhano casou com uma bisneta sua.
O Conde Álvaro de Luna tinha comandado o reino até ser derrubado pela Rainha portuguesa. A partida do Infante Fernando para seu trono oriental, deixando a Castela de João II cair sob o jugo do poderoso magnata Álvaro de Luna, levou a anos sem paz mas em 1430 a monarquia recomeçou a guerra contra Granada. Um contingente castelhano se apoderou de Jimena de la Frontera acima de Gibraltar (1431), chamando atenção do reino granadino para o leste. Alvaro de Luna invadiu a Vega ou planura de Granada; ele e João II de Castela venceram a modesta batalha de La Higueruela, bem fora da capital (1º de julho de 1431). Ficou aos homens da fronteira aumentar o ataque: em Murcia o adelantado Fajardo obteve Vélez Blanco e Vélez Rubio, do outro lado de Lorca; no oeste, embora o conde de Niebla morresse tentando vencer Gibraltar, os castelhanos tomaram Huelma, no sudeste de Jaén, fazendo incursões gerais contra Ronda e Málaga. O papa Eugênio IV, procurando assegurar o apoio de João II em sua luta contra o concílio da Basiléia, encorajou a cruzada castelhana, dando-lhe a indulgência usual e proibindo – como faziam os papas – venda de alimentos e materiais estratégicos aos mouros.
Casamentos e posteridade
Casou em 4 de agosto de 1420 em Ávila com a infanta Maria de Aragão-Sicília (1396-18 de fevereiro de 1445 em Villacastin), filha do tio Fernando I de Aragão, chamado o de Antequera, Rei de Aragão-Sicília e de Leonor Urraca de Castela, condessa de Albuquerque. Tiveram quatro filhos.
Casou em Madrigal em 17 de agosto de 1447 com Isabel de Portugal (1428-15 de agosto de 1496 em Arévalo), a Louca,[5] filha do infante João de Portugal, 3.º condestável de Portugal (filho do rei D João I de Portugal e Dona Filipa de Lencastre), e de sua esposa e sobrinha, a Infanta Isabel de Barcelos ou de Bragança, filha do conde de Barcelos e primeiro duque de Bragança, irmão natural do infante D. João. Era ainda bisneta de D. Nuno Álvares Pereira. Naquele tempo os reis de Portugal, a rainha de Castela, a imperatriz da Alemanha (D. Leonor, filha de D. Duarte de Portugal), Carlos da Borgonha, o Temerário (filho da infanta D. Isabel, irmã dos «altos infantes"), os pretendentes ao trono de Aragão e muitos ilustres e importantes aristocratas europeus eram parentes próximos e descendentes do rei D. João I de Portugal.
Do primeiro casamento teve um filho varão, Henrique IV de Castela e três filhas[6] – duas mortas cedo e a terceira sem geração; teria sido talvez morta como a irmã, a rainha Leonor de Portugal, por artes de don Álvaro de Luna.
A segunda esposa contribuiu para a queda do favorito e retirou-se para Arévalo onde morreu depois de 42 anos de viuvez. Isabel de Portugal perdeu o uso da razão. Segundo alguns, o desarranjo mental se deveu à morte do marido, razão pouco convincente. Sua mãe, de idêntico nome igual, deslocou-se para junto da filha doente e acompanhou-a. Trinta anos mais tarde, falecia também, na mesma localidade, a desditosa rainha castelhana.
1º casamento
1 - Catarina, Princesa das Astúrias (Illescas 5 de outubro de 1422-17 de setembro de 1424 Madrigal).2 - Leonor de Astúrias (Burgos 10 de setembro de 1423 -1425 Claustro de La Espina).3 - Henrique IV de Castela, apelidado o Impotente.[6]4 - Maria (1428-1429) Infanta de Castela.
2º casamento
5 - Isabel I de Castela (Madrigal de las Altas Torres, Avila 22 de abril de 1451-26 de novembro de 1504 no castelo de la Mota, em Medina del Campo, Valladolid). Chamada a Católica - Rainha de Castela e Leão em 1474.
6 - Afonso (Tordesillas 15 de novembro de 1453-5 de julho de 1468 de peste, pestilência ou envenenado pelos nobres, em Cardeñosa, arredores de Avila). Príncipe de Astúrias. Mestrado de Santiago, condestável de Castela, reconhecido herdeiro pelo irmão Henrique IV de Castela. Fora jurado rei em Avila (5 de junho de 1465).
• Pessoas (2): João II de Castela (1405-1454); Henrique III de Castela (1379-1406)
• Temas (1): Curiosidades
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.