Fonte: Dário da Noite Colocada dentro de um balde, que depois foi colocada dentro de uma geladeira com água e formol, a cabeça do homem encontrada na Praia Grande, está causando, nesta cidade e em Santos os maiores e mais emocionantes comentários, já que, em tempo algum, achado tão macabro originou tantas e tão desencontradas hipóteses.
Tudo começou as primeira horas da tarde do dia 6, quando um garoto, que transitava à beira-mar, na Praia Grande, entre Solemar e Mongaguá, encontrou, semi-sepultada na areira, uma cabeça humana.
O reto do corpo, que se supunha estar nas proximidades, não foi encontrado. A cabeça não apresentava senão leves sinais de deterioração, muito embora fossem visíveis as marcas de mordidas de peixes.
O fato como não poderia deixar de acontecer, obrigou o delegado desta cidade, Sr. Vasnconselos de Camargo, a tomar providências essenciais, que implicavam na remoção da cabeça para o Gabinete Médico Legal de Santos.
Evidentemente, tendo em mãos apenas uma cabeça humana, aquela autoridade policial pouco ou quase nada poderia fazer no sentido de penetrar no mistério que se apresentava. Ainda assim, tomou medidas que pudessem, no futuro, solucionar o fato.
A cabeça humana
A cabeça encontra-se, atualmente, numa das geladeiras do Gabinete Médico Legal de Santos, só as vistas do médico Décio Brandão. Trata-se de uma cabeça de homem da raça branca, aparentemente de 31 a 35 anos de idade.
O couro cabeludo apresenta restos de cabelos nas regiões frontais e ocipital. São cabelos lisos, curtos, de cor castanho claro. Nas órbitas, ainda se encontram os olhos, embora com a cor da iris embaçada pela putrefação.
O nariz e pequeno e afilado. Na cavidade bucal e língua, sem anomalia, apenas sofreu leves transformações naturais da decomposição. A arcada dentaria apresenta 31 dentes, sendo que o maxilar superior mostra-se com a a falta de um incisivo direito, provavelmente por defeito congênito.
Supõe-se que o "dono da cabeça" na sua segunda infância, tenha perdido aquele dente, ocorrendo que os laterais, com o tempo, tenham ocupado o espaço deixado pela sua falta, o que permite que aparente, sem um exame mais demorado, uma dentadura perfeita.
Enquanto que o maxilar superior apresenta 15 dentes, o inferior possui 16. Todos eles muito bem implantados e otimamente desenvolvidos. Apenas no molar inferior direito, a um exame mais cuidadoso, verifica-se a existência de uma pequena carie, assim mesmo superficial.
Os pavilhões auriculares foram comidos por peixes ou outros animais marinhos. Na região frontal esquerda há um pequeno ferimento de forma oval, de meio centímetro, no seu maior diâmetro. Outros ferimentos são encontrados na região malar, nos lábios superior e inferior, provavelmente causados pelo atrito da cabeça contra superfícies ásperas.
O bigode é raspado e a barba feita, com falhas à esquerda do maxilar inferior e a direita da face, também na região maxilar. As vértebras cervicais não apresentam, a um exame rápido, sinais de terem sido cortadas, mas sim, desligadas da vértebra por arrancamento.
A FAB auxilia nas investigações
Assim que as primeiras noticias sobre o macabro encontro foram publicadas, o major comandante da Base Aérea de Santos, entendeu que deveria proceder a uma verificação. Este seu interesse como ponto de partida o fato de estarem desaparecidos, há mais de 40 dias, dois aviadores.
Levantando a hipótese de que a cabeça poderia perfeitamente pertencer e um deles, aquele militar designou o tenente Paulo Abate para auxiliar as investigações e investigar, como bem o entendesse o fato.
A Morte dos Aviadores
No dia 23 de novembro do ano passado, em um avião DC-3 da NAB (Navegação Aérea Brasileira) o major Gustavo Pereira Nunes, da 1a. Zona Aérea, RJ, foi designado para proceder a exame periódico do co-piloto daquele companhia, Edyvan Vieira de Melo.
Quando o aparelho sobrevoada a região entre as Ilhas do Paio e das Rosas, cessaram as suas comunicações coma torre de controle. Momentos depois, aviões da FAB, sobrevoando o local, nada encontraram que pudesse indicar ter o aparelho caído naquela região, porém dias depois, foram encontrados, boiando nas águas, uma roda de avião e um dos seus tanques de gasolina.
Os dois aviadores, então, foram considerados como tendo sido vitimas do desastre. Na mesma ocasião, escafandristas da Marinha, tentaram localizar os restos do aparelho da NAB com o fito de encontrar em seu interior, os dois pilotos. Nada conseguiram.
Correntes Marítimas
Por mais que o desastre tenha ocorrido no Rio de Janeiro, não se pode deixar de lado a possibilidade de a cabeça encontrada na Praia Grande pertencer a um dos pilotos, já que as correntes marítimas do Atlântico, nas cotas brasileiras, compreendida entre os Estados do Rio e SP, seguem em direção ao Sul.
Como a cabeça apresenta vários ferimentos n os lábios, nas faces e no frontal, muito embora não se perceba a existência de ossos fraturados, a hipótese de se tratar de um dos pilotos mais se alicerçou depois que se supos que aquele ferimentos tivessem sido provocados durante o impacto do avião com a água., ocasião em qu eo piloto bateu com o rosto contra o para-brisa ou cujos estilhaços tenham atingido o aviador.
"Não é o meu filho!"
O médico legista Décio Brandão de Camargo apresentou o macabro achado a vários oficiais da FAB sediados em Santos e que conheciam o major Gustavo Pereira Nunes. À primeira vista, estes não tiveram duvidas de encontrar, na cabeça humana, muita semelhança com a conformação facial e craniana da cabeça do major tragicamente desaparecido.
O pai do major morto, que pé médico no Rio de janeiro, ao ver a foto da cabeça, não teve duvidas, em colocar um ponto final na questão, dirigindo-se ao médico legistas com os seguintes termos:
"Não se trata do meu filho. Não é meu filho!"
Mistério
Uma vez afastada a hipótese de se tratar da cabeça do oficial morto naquele desastre, já que poucas são as possibilidades desa cidade outo caminho a seguir, senão enveredar no emaranhado do macabro achado.
Misteriosa cabeça encontrada na praia Data: 05/01/1960 Fonte: Jornal da Noite (@)
ID: 6639
Misteriosa cabeça encontrada na praia Data: 05/01/1960 Fonte: Diário da Noite (@)
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.