O faturamento das mineradoras em Minas Gerais em 2024 aumentou 4,5% em comparação ao ano imediatamente anterior, para R$ 108,3 bilhões, de acordo com balanço divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
O valor faturado no Estado foi o maior entre as unidades federativas, representando 40% do total nacional. No Brasil inteiro, o setor faturou R$ 270,8 bilhões, alta anual de 9,1%.
O diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Ibram, Júlio Nery, explica os fatores que estimularam o crescimento do faturamento das empresas no território mineiro.
“Houve a retomada da produção de ouro em mineradoras importantes em Minas Gerais. Em 2023, tinha ocorrido uma redução significativa. Essa retomada ajudou bastante, mas (o avanço decorreu), principalmente, do aumento na produção de minério de ferro”, diz.
“Completou-se investimentos significativos no minério de ferro que permitiram essa recuperação e um aumento na produção que levou a esse avanço no faturamento”, completa.
Para ilustrar o que Nery disse, vale citar que a AngloGold Ashanti voltou a beneficiar ouro no Complexo Industrial do Queiroz, em Nova Lima, em setembro último após quase de dois anos de paralisação da operação. E a Vale reportou um incremento de 1,3% na fabricação de minério de ferro em terras mineiras no ano passado, para 150,1 milhões de toneladas.
Arrecadação de Cfem e balança comercial
Conforme antecipado pelo Diário do Comércio, a arrecadação de Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) em Minas Gerais chegou a R$ 3,3 bilhões no ano passado, incremento de 4,4% sobre o exercício anterior. A participação mineira no total recolhido nacionalmente (R$ 7,4 bilhões) foi de 45%, a maior entre as unidades da Federação.
Ainda segundo dados apurados pelo Ibram, o saldo da balança comercial da mineração no Estado atingiu US$ 15.9 bilhões em 2024, queda anual de 2%. As importações caíram 15,5%, para US$ 1,1 bilhão, porém, as exportações recuaram 2,8%, para US$ 17,1 bilhões.
Projeção de investimentos do setor mineral
O instituto informou que a projeção de investimentos do setor em todo o País para o período 2025-2029 é de US$ 68,4 bilhões, alta de 6,6% em relação às estimativas para 2024-2028.
O crescimento do volume de aportes foi devido, sobretudo, ao aumento da previsão de aportes em projetos relacionados ao minério de ferro (13,4%, para US$ 19,6 bilhões), socioambientais (6,2%, para US$ 11,3 bilhões) e logística (5,2%, para US$ 10,9 bilhões).
Minas Gerais seguiu como o principal destino dos recursos das mineradoras, contudo, a cifra programada para o Estado caiu de US$ 17,2 bilhões para US$ 16,5 bilhões.
O diretor do Ibram esclarece que nenhuma empresa desistiu de investir em terras mineiras, e que essa redução de valores tem a ver com o término de projetos que estavam em implantação em 2024. De acordo com Nery, inversões foram finalizadas, especialmente, em melhorias operacionais em diversas minas e em descaracterização de barragens.
“Não houve desânimo com investimentos em Minas Gerais. (A redução) está relacionada aos aportes que foram realizados e, por isso, não estão mais na lista”, pondera.
Vale do Jequitinhonha lidera inversões ligadas ao lítio
Visto como o mineral do futuro, o lítio será alvo de R$ 1,2 bilhão dos investimentos programados até 2029, mas o montante caiu 2,4% frente a projeção anterior. Nery diz que aportes foram postergados em função de uma baixa nos preços internacionais.
A região do Vale do Jequitinhonha, que se tornou a “menina dos olhos” das mineradoras que exploram o lítio, deve receber cerca de 78% do total de inversões, segundo o Ibram.