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   18 de julho de 1967, terça-feira
O estranho acidente que matou o presidente Castello Branco
      Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

  
  
  


Autor: JONAS LIASCH.

Nos últimos tempos, muitas "teorias de conspiração" ganharam fama pelo mundo, envolvendo, por exemplo, o atentado contra o World Trade Center e o Pentágono, o atentado de Lockerbie, a morte da Princesa Diana, e muitos outros mais. Mas é interessante conhecer uma dessas teorias que envolve o ex-Presidente do Brasil e Marechal Humberto de Alencar Castello Branco (foto abaixo).

Segundo a versão oficial dos fatos, o Marechal Castello Branco faleceu em um acidente aeronáutico, em uma aeronave do Governo do Estado do Ceará, um Piper Aztec (foto abaixo) matriculado PP-ETT, no dia 18 de julho de 1967. A aeronave que conduzia o ex-Presidente foi atingida na cauda pela ponta da asa de um caça da Força Aérea Brasileira, um Lockheed TF-33, perdendo a deriva. Depois de entrar em parafuso chato, o avião chocou-se com o solo e todas as pessoas a bordo morreram, com exceção do co-piloto.

Na manhã de 18 de julho, Castello Branco saiu do sítio da escritora Rachel de Queiroz, sua amiga, e decolou de Quixadá para Fortaleza a bordo do Aztec cedido pelo Governo do Ceará. Estavam a bordo do bimotor a escritora Alba Frota, o major Manuel Nepomuceno, o irmão do Marechal, Cândido Castello Branco, o comandante Celso Tinoco Chagas e o co-piloto Emílio Celso Chagas, filho do comandante.

O tempo estava bom, visibilidade praticamente ilimitada e nebulosidade insignificante. O Aztec decolou do sítio de Rachel de Queiroz às 9 horas da manhã e voou em cruzeiro no nível de voo visual 055 (cinco mil e quinhentos pés). Trinta minutos depois, já durante a descida para Fortaleza, um jato de caça da FAB, um TF-33 - FAB 4325, atingiu a deriva do Aztec, decepando-a. O jato perdeu o tanque da ponta da asa, que curiosamente estava vazio, mas conseguiu retornar em segurança para sua base. O Aztec, entretanto, perdeu o controle direcional e entrou em parafuso chato, chocando-se com o solo de barriga, matando 5 das 6 pessoas a bordo, salvando-se o co-piloto Emílio Celso Chagas, que ficou, entretanto, bastante ferido.

Na ocasião do acidente, houve uma investigação, que concluiu que o choque foi acidental, que ambas as aeronaves estavam em um mesmo "corredor" em direção à Fortaleza, e que teria havido, possivelmente, falha do controle de tráfego aéreo. E ficou por isso mesmo, já que o Governo Federal, naquela época, controlava tudo com "mão de ferro", censurando a imprensa e calando a oposição.

Embora a presença de caças nos céus do Ceará fossem comuns entre 1947 e 2002, o tráfego civil era respeitado e os jatos mantinham separação visual dos mesmos, como acontece até hoje. Mas o bimotor que levava Castello Branco foi atingido na deriva com uma precisão "cirúrgica", com poucos danos ao caça. As condições de visibilidade eram excelentes, dando condições ao piloto do caça, o Tenente Alfredo Malan dDangrogne, de avistar perfeitamente o tráfego à sua frente. Mesmo assim, ocorreu a colisão, o que despertou a suspeita, anos depois, de que não se tratava de um acidente, e sim de um atentado.Se se tratava realmente de um atentado, qual teria sido o motivo e a quem interessaria a morte do ex-Presidente? Sobre isso não restam dúvidas, pois motivos não faltam. Castello Branco tinha deixado a presidência apenas 3 meses antes, passando o poder para o Marechal Arthur da Costa e Silva, representante da "linha dura" do Exército.

Na verdade, Castello Branco era um moderado, que assumiu o governo em um momento muito conturbado da política brasileira. Sua verdadeira intenção era devolver o governo aos civis assim que a crise que o conduziu ao poder tivesse acabado. Isso ia contra os interesses de outros generais, que tencionavam se manter no poder sob a alegação de manter a paz e e ordem pública e manter os comunistas e a esquerda "radical" longe do governo.

O mausoléu do Presidente Castello Branco, em Fortaleza/CEMesmo fora do governo, o Marechal Castello Branco tinha uma considerável influência no Exército Brasileiro, por ser um herói de guerra e por ter mantido a ordem pública em uma fase crítica da política brasileira. Em resumo, a presença de Castello Branco incomodava, e muito, os generais da "linha dura" que pretendiam se perpetuar no poder. E não haveria outro meio de meio desses generais se verem livres dele, senão matando-o.

Castello Branco e os generais da "linha dura" que o sucederam, Arthur da Costa e Silva e Emilio Garrastazu Médici (da esquerda para a direita)Durante muitos anos, o co-piloto do Aztec, Emílio Chagas, acreditou na versão oficial de acidente, inclusive se encontrando com o piloto do caça que atingiu seu avião. Mas depois, passou a questionar o fato, evitando porém comprometer o piloto da FAB, já que o mesmo era ala de outro oficial, o Tenente Areal.

A operação de resgate das vítimas do acidente foi desastrosa: os oficiais e soldados da aeronáutica destroçaram o avião a machadadas e carregaram as vítimas nas costas, sem qualquer técnica. Como estas tinham danos na coluna vertebral pela posição de impacto, isso pode ter colaborado para agravar seus ferimentos.

O Aztec PP-ETT parcialmente restaurado e sem a deriva, preservado em FortalezaO avião acidentado foi reconstruído e parcialmente restaurado, e encontra-se hoje no quartel do 23º Batalhão de Caçadores, em Fortaleza, no Ceará. A deriva arrancada pelo caça jamais foi encontrada. O caça também foi preservado e encontra-se hoje na Base Aérea de Fortaleza, como monumento, ao lado do prédio do Comando da Base.O FAB 4325 também foi restaurado e preservado (Foto: Escuta Aérea Fortaleza)


Relacionamentos

Humberto de Alencar Castelo Branco (1897-1967)
  Registros (17)
Presidentes do Brasil
  Registros (678)
Fortaleza/CE

O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.

Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?



Quantos ou quais eventos são necessários para uma História?
Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.


Mary Del Priori, historiadora:

Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.

Lia Calabre, historiadora:

A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]

Quantos registros?

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:

- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).

- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.

- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.

- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.

- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.

- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.

Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.

Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.

Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.


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