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   17 de maio de 1788, sábado
Escravos donos de escravos intrigam historiadores brasileiros
      Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

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Os casos de ex-escravos donos de escravos são relativamente comuns – há exemplos deles por todo a América, principalmente em cidades onde o crescimento da economia abria oportunidades para pequenos empreendedores. Mais raras e perturbadoras são as histórias de escravos com escravos – pessoas que, mesmo antes de conquistar a liberdade, compraram gente para si próprias.

Imagine o leitor o espanto que deve tomar os historiadores quando, ao examinar documentos antigos, encontram registros como estes:

Em 17 de maio do ano de 1788, se enterrou nesta sepultura um escravo chamado João, do nosso escravo Ignácio dos Santos.

Em 29 de março de [17]89 se enterrou nesta sepultura uma escrava do nosso escravo Damásio, de Camorim, chamada Maria.



Ignácio dos Santos e Damásio eram escravos da Ordem Beneditina do Rio de Janeiro, que mantinha registros detalhados de nascimentos, batismos, casamentos e mortes dos trabalhadores de suas fazendas, igrejas e mosteiros. Não eram donos de si próprios, mas possuíam outras pessoas.

O historiador João José Reis encontrou diversos casos de escravos-senhores em documentos baianos do século 19. Já Carlos Eugênio Líbano Soares, vasculhando registros de batismo da Bahia do século 18, achou “um número espantoso de escravos que possuíam escravos”, como afirmou num estudo sobre o tema. Eis um exemplo de registro de batismo que dá essa informação:

Joaquim, Nagô, com 22 anos de idade aparente, escravo de Benedito, Hauçá, solteiro, e este também escravo de dona Ponciana Isabel de Freitas, branca, viúva, [moradora] ao Cais da Loiça. Foi Padrinho Domingos Lopes de Oliveira, benguela, forro, solteiro, da Freguesia de Santo Antonio Além do Carmo.

Como escravos se tornavam senhores? E por que não compravam a própria liberdade antes de adquirir esse tipo de propriedade? Alguns se tornavam senhores por herança. Se uma negra liberta e proprietária morresse, seus bens seriam herdados pelos filhos, e podia acontecer de esses filhos ainda viverem em cativeiro. Como a escravidão era um costume socialmente aceito na época, os escravos não viam contradição em possuírem escravos.

Mais comum era o caso dos negros, principalmente das grandes cidades, que conquistaram a confiança de seus senhores e desfrutavam de tanta autonomia para tocar os negócios que não pensavam em se alforriar. Possuir escravos provavelmente lhes conferia mais benefícios e um status mais alto que a liberdade.

Um exemplo é o africano Manoel Joaquim Ricardo, tema de um artigo do historiador João José Reis. Em 1842, quando foi testemunha em um processo judicial, Manoel que tinha de seu senhor “a autorização para negociar por si e adquirir quaisquer bens, mas também uma ampla licença de morar fora da casa daquele senhor”.

Comerciante de alimentos e pessoas em Salvador, Ricardo comprou três mulheres – entre elas uma menina de 12 anos – quando ainda era escravo. Morreu livre em 1865, dono de quatro casas e 28 negros, patrimônio que o colocava entre os 10% dos cidadãos mais ricos da Bahia.

Costumamos retratar os personagens da história como vilões e mocinhos. Ignácio dos Santos, Damásio, Benedito e Manoel e outros tantos escravos-senhores embaralham essa visão simplista. Interpretaram ao mesmo tempo o papel de opressores e oprimidos, vítimas e algozes da escravidão brasileira.

*

O texto acima é um trecho inédito do meu novo livro, “Escravos”, primeiro volume da coleção “Achados & Perdidos da História”. Para quem se interessou, o livro chega às livrarias nas próximas semanas.

Fonte: Gazeta do Povo



Estádio Humberto Reale*
Data: 01/01/1943
Acervo: Vanderlei Gomes (ehr) (ef)


ID: 7304


Relacionamentos

Escravizados
  Registros (686)

O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.

Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?



Quantos ou quais eventos são necessários para uma História?
Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.


Mary Del Priori, historiadora:

Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.

Lia Calabre, historiadora:

A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]

Quantos registros?

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:

- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).

- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.

- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.

- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.

- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.

- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.

Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.

Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.

Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.


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