Bispo Carlos Duarte Costa foi excomungado pelo papa Pio XII
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Bispo Dom Carlos Duarte Costa foi excomungado pelo papa Pio XII, a quem acusava de omissão diante do genocídio promovido pelo nazismo ao longo da Segunda Guerra Mundial, iniciada seis anos antesSe os arquivos que compõem o acervo secreto do Vaticano fossem colocados em uma única linha reta, eles teriam cerca de noventa quilômetros de extensão. Em meio a todo esse material mantido no mais rigoroso sigilo, abrangendo doze séculos da história da Igreja Católica Apostólica Romana, está a documentação que embasou a excomunhão do bispo brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, dom Carlos Duarte Costa.Ele foi excomungado em agosto de 1945 pelo papa Pio XII, a quem acusava de omissão diante do genocídio promovido pelo nazismo ao longo da Segunda Guerra Mundial, iniciada seis anos antes. Mais que isso, Duarte Costa afirmava publicamente que padres alemães estariam ingressando no Brasil sob o pretexto de dedicação ao trabalho missionário, na chamada Operação Odessa, escamoteando o real motivo da imigração. Segundo o bispo, tais religiosos vinham simplesmente fugindo da Alemanha no final do conflito pelo temor de serem presos com a derrota do ditador nazista Adolf Hitler.Teologia da libertaçãoQuando foi excomungado pelo Vaticano, Duarte Costa exercia a função de bispo da Diocese da cidade paulista de Botucatu. “Documentos mostram que ele foi muito vigiado”, explica o pesquisador Anderson José Guisolphi, que se tornou membro da Igreja Católica Apostólica Brasileira, fundada por Duarte Costa após seu banimento pelas autoridades eclesiásticas de Roma.Fato curioso é que o pesquisador Guisolphi chegou à certeza de que os arquivos do Vaticano escondem a história do religioso brasileiro não por uma afirmação, mas, isso sim, por meio de uma negativa. Quando requisitou ao Vaticano autorização para ter acesso à documentação, a resposta que recebeu disse-lhe tudo: acesso vedado porque o bispo fora um “herético excomungado”.Dono de um espírito independente, o bispo carioca pregava que o celibato não deveria ser obrigatórioDuarte Costa, falecido em 1961, aos 73 anos, sempre manteve posições independentes dentro da Igreja, algumas delas se chocando com dogmas e regras oficiais das encíclicas. Esteve longe, no entanto, de ser adepto do comunismo como quis fazer crer o Vaticano, simplesmente porque ele dava ênfase às questões sociais e à pastoral junto aos desvalidos, podendo-se dizer que foi um precursor da Teologia da Libertação que nasceria no papado de João XXIII, no Concílio Vaticano II, no qual a igreja fixou “a opção preferencial pelos pobres”.O bispo propunha também que o celibato não fosse obrigatório e que o clero aceitasse o divórcio. Para que não ficasse escancarada que a sua punição teve origem nas críticas ao silêncio de Pio XII diante do nazismo, as opiniões progressistas do bispo brasileiro foram rotuladas na época como um endosso de sua pessoa aos princípios comunistas que, na verdade, ele abominava — as acusações se tornaram mais duras depois de ter prefaciado o livro “Poder Soviético”, escrito pelo arcebispo da Igreja da Inglaterra, Hewlett Johnson.A sua sentença de excomunhão foi selada quando fundou no Brasil o Partido Socialista Cristão (nada tem a ver com a legenda homônima da atualidade). Deixe-se claro, então, que Carlos Duarte Costa foi punido por ser um espírito independente e pelas críticas à Igreja conservadora e tradicionalista. Ele quebrou o dogma da infalibilidade papal. Foi bem mais fácil aos seus perseguidores chamá-lo daquilo que ele nunca foi: comunista.
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.